Breve história da aromaterapia

ESSÊNCIAS DA NATUREZA

destilador antigo
destilador antigo

Houve um tempo, antigamente, em que não havia distinção entre médico, biólogo, astrólogo e psicólogo. Essas pessoas, chamadas de sábios e polímatas agregaram conhecimento em várias áreas. Assim, proporcionavam um estado de saúde mais equilibrado a si próprios e as pessoas da sua comunidade.

Hoje em dia, no entanto, com a super especialização, isso se tornou muito raro. Vemos poucos profissionais de saúde integrando diversas áreas do saber para ajudar as pessoas.

Os seres humanos utilizam as plantas aromáticas com diversas finalidades há milénios.

Arqueólogos demonstraram que até mesmo os Neandertais já utilizavam plantas aromáticas há mais de 200.000 anos. É muito difícil dizer com precisão os usos mais antigos pela espécie Homo sapiens, mas alguns registos do Antigo Egito datam de mais de 3.500 anos antes de Cristo.

Nesta época não se sabia como extrair os óleos essenciais puros. Assim, as plantas aromáticas eram maceradas em óleos vegetais, filtradas, utilizadas e comercializadas com o nome de unguento.

Os unguentos eram largamente apreciados na Babilónia e no Egito. Eram utilizados para aplicações medicinais e estéticas em cosméticos para pele e cabelos.

Podemos encontrar registos escritos que remontam a 5000 anos. Civilizações na Índia, no Egito e na China, por exemplo, possuem uma história rica, que mostra o uso de plantas medicinais e aromáticas. As plantas recolhidas pelo seu aroma e pelos seus extratos eram usadas para a medicina, a preservação de alimentos, nas cerimónias religiosas e para embalsamar os mortos.

As primeiras extrações de óleos essenciais puros foi no século X, em que a prática da utilização das plantas aromáticas deu um salto. Esse passo foi graças a contribuição dos árabes.

Um estudioso extraordinário de nome Avicena (Físico, filósofo, médico, matemático e escritor) escreveu mais de cem livros sobre vários assuntos.

Alguns desses livros foram utilizados pela medicina europeia até há pouco tempo.

Avicena recebeu os créditos pela invenção ou redescobrimento da destilação de plantas aromáticas. Isso possibilitou a obtenção de óleos essenciais puros como conhecemos hoje.

Avicena é conhecido por ter sido o primeiro ser humano da história a realizar a destilação do óleo de Rosas, de perfume incomparável. O subproduto dos óleos essenciais, conhecido como água aromática ou hidrolatos, também passou a ser extensamente utilizado.

Durante a Idade Média, as plantas aromáticas foram utilizadas como defesa contra a peste bubónica. Os médicos usavam uma série de ervas aromáticas e de especiarias, metidas dentro de uma máscara, para se protegerem da infecção.

Pelo século XVIII, o uso de óleos essenciais estava muito mais desenvolvido. As pesquisas sobre as suas propriedades medicinais cativaram a curiosidade de médicos e droguistas, que foram os precursores dos modernos farmacêuticos. E, no século XX, os estudos publicados que demonstravam as propriedades antibacterianas e antifúngicas de muitos óleos essenciais foram-se tornando mais acessíveis.

Foi René-Maurice Gattefossé (1881-1950), perfumista e químico, que criou o termo AROMATERAPIA.

Gattefossé durante a Primeira Guerra Mundial estava realizando experiências de laboratório quando se queimou seriamente em uma das mãos.

Ele mergulhou imediatamente a mão num recipiente com óleo puro de alfazema (lavanda). A queimadura cicatrizou em poucos dias e não produziu bolhas nem infecção

Este foi o princípio das pesquisas com os óleos essenciais no tratamento de soldados feridos na guerra, sendo que o óleo de Niaouli (Melaleuca viridiflora) foi muito usado como anti-séptico. E em 1928, Gattefossé publica um livro intitulado Aromathérapie.

Provavelmente, a coisa mais memorável a respeito de Gattefossé, e do seu impacto naquilo que acabou por se tornar na prática moderna da aromaterapia, é o facto de ele pretender distinguir claramente a aplicação medicinal dos óleos essenciais das suas utilizações em perfumaria.

O trabalho do Pai da Aromaterapia inspirou o médico francês Jean Valnet (1920-1995), que usou óleos essenciais como tratamento para ferimentos durante a guerra da Indochina. Valnet tornar-se-ía outro Pai da Aromaterapia, escrevendo Aromathérapie – Traitement des maladies par lês essences dês plantes em 1964.

Hoje em dia, a nossa definição de aromaterapia tem muito mais subtilezas. Reconhecemos e implementamos o efeito duplo que os óleos essenciais têm sobre o corpo e sobre a mente.

Esta perspetiva moderna da aromaterapia nasceu sobretudo do trabalho da visionária Marguerite Maury (1895–1968), uma enfermeira de Viena, de formação tradicional, que tinha uma paixão pela exploração das práticas para a mente e para o corpo, como a acupuntura, o ioga e a meditação.

O seu fascínio e o seu grande amor pela aromaterapia levaram-na a explorar as melhores formas de aplicar os óleos essenciais para obter uma ligação notável e identificável entre a mente e o corpo. Assim, ela foi pioneira na aplicação tópica dos óleos essenciais e na observação dos seus benefícios psicológicos e fisiológicos.

“Viver, estar vivo, significa estar em movimento, evoluir, transformar-se e transmutar as coisas de acordo com a alquimia do espírito e do corpo … o homem deve perceber seu próprio ritmo e respeitá-lo.” (Marguerite Maury).

marguerite maury
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René Maurice Gattefossé
René Maurice Gattefossé

Marguerite Maury

René-Maurice Gattefossé

Óleos essenciais